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Pinheiral cresceu ao redor da Estação Ferroviária, que foi construída nas terras da fazenda São José do Pinheiro, fazenda esta de propriedade da família Breves, grandes cafeicultores e donos de escravos no Vale da Paraíba, ao Sul do estado do Rio de Janeiro. Pinheiral pertenceu por longos anos à cidade de Piraí, emancipando-se apenas há dezoito anos. Juntamente com Porto Real e Itatiaia, tratam-se de municípios mais novos, e portanto, encontram-se em plena expansão. O sul fluminense é formado, também, por municípios como Volta Redonda, Barra do Piraí, Barra Mansa, Resende, etc. Podemos afirmar que todos os municípios da região tem como base a população negra, oriunda das fazendas de café do Vale do Paraíba Paulista e de Minas Gerais. O Vale do Café é rico culturalmente e mantém viva as suas tradições. Pinheiral, por exemplo, preserva o jongo e a Banda de Música, herança deixada pelos escravos e que vem sendo passada de geração em geração. Além disso, o município tem uma educação de qualidade, com várias escolas municipais, estaduais e federais. 

 

A comunidade jongueira de Pinheiral é, então, descendente direta da população negra de origem bantu que trabalhou como mão-de-obra escrava na dita Fazenda, construída em 1851, a qual estava inserida no contexto político do cultivo do café no Vale do Paraíba. Foi propriedade do Comendador Breves, que faleceu em 1879, sem deixar herdeiros, e com um testamento que alforriava os dois mil escravos de sua propriedade e doava-lhes algumas terras, como o caso da “Fazenda da Cria”, localizada atualmente no distrito de Arrozal, local de forte tradição jongueira que se articula cultural e politicamente com os jongueiros de Pinheiral.

 

Nesse sentido, o jongo na cidade de Pinheiral estabeleceu-se como descendente direto da população negra que trabalhava na Fazenda José do Pinheiro, cuja prática se dava através de diversos grupos e núcleos familiares que se articulavam entre si. No início dos anos oitenta, porém, um grupo de moradores preocupados com a morte de vários jongueiros velhos viu a necessidade de fazerem algo para não perderem a tradição do jongo em Pinheiral. Foi desse modo que os senhores João Enfermeiro, Francisco Guilherme, Chico Diogo, Cabiúna, Norival, Tia Dinda, Dona Constância, todos estes jongueiros mais velhos, se juntaram aos jongueiros mais novos, como a atual liderança Maria de Fátima da Silveira Santos, assim como Adalbertinho, Dito Cabiúna e Odilonzinho, e criaram a “União Jongueira”, que veio agregar os demais jongueiros, principalmente os moradores do Morro do Cruzeiro, grande reduto de jongueiros cumbas. No ano de 1996, houve a necessidade de registrar o grupo de jongo que passou a se chamar Centro de Referência de Estudo Afro do sul Fluminense (CREASF). Nesta época, o trabalho do grupo muito cresceu aliando-se às escolas, universidades e igrejas, e constituindo-se como um projeto que buscava recursos para manter sua autonomia, até que em 2005, por fim, o grupo foi contemplado como Ponto de Cultura e o jongo foi reconhecido pelo IPHAN como Patrimônio Cultural. As atividades do grupo seguem, na atualidade, com a preservação da dança do jongo, com a biblioteca do CREASF, e com a manutenção das culinária e gastronomia típicas, como uma das formas de arrecadar recursos para a manutenção da Casa do Jongo. O Grupo do Jongo de Pinheiral assume forte posicionamento político, também, articulando-se com o movimento negro, com outras comunidades jongueiras, além de escolas, eventos, dentre outros, tanto pra ministrar aulas e oficinas, como para se apresentar enquanto grupo de jongo, em um nítido cumprimento e exercício da Lei 10.639, “que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade da temática 'História e Cultura Afro-Brasileira'”. 

 

O GRUPO DE JONGO DE PINHEIRAL

Maria Amélia da Silveira Santos . Maria das Graças da Silveira Santos . Maria de Fátima da Silveira Santos . Adelaide da Silva . Ana Cláudia da Silva . Adelaide Aparecida da Silva . Joana Maria José Borges . Claudinei Nicácio Júnior . Aparecida Maria José . Elisângela de Paula Borges . Neide Aparecida Dos Santos Siqueira . Barbara Constância de Lourdes . Maria Moreira de Jesus . Maria Das Garças . Ilma Fátima Dias . Adailson dos Santos Martins . João Paulo da Silveira Santos . Maurílio Borges . João Assis Norberto. Marcelo. Geraldo Correa . Valdecir da Silva Francisco . Pablo Diego Martins . Pedro Antônio Francisco . Sergio Luiz Mendes . Alexandre Belizário da Silva . Wandler Felipe dos Santos Francisco . Luiz Gonzaga dos Nascimento . José Carlos da Silva . Valdir José dos Santos . Lauro Vanderlei Franco Breves . Joselino F. Silva . Gerson. Batista de Oliveira . Claudinei (Nei)​ . Constância da Silveira Santos . Maria Regiane Ferreira Alves . Cintia . Helena Cândido da Silva . Regivane Ferreira Alves

By Julia Botafogo

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